Em se tratando de educação, temos muito que aprender
com os finlandeses. Eles estão no topo do ranking mundial.
Nos últimos anos, o país do norte da Europa permaneceu
entre os primeiros lugares do Programa Internacional de Avaliação de Alunos
(Pisa), que mede a qualidade do ensino. O ranking é elaborado pela Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), e realizado a cada três
anos. No último, realizado em 2010, o
Brasil ficou na 53ª colocação entre 65 países.
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A bela Helsinque, capital da Finlândia. Educação de primeira qualidade. |
O segredo do sucesso, segundo Jaana Palojärvi,
diretora do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia, é a valorização dos
professores e na liberdade que eles têm para trabalhar. Não tem nada a ver com
métodos pedagógicos revolucionários, uso da tecnologia em sala de aula ou
exames gigantescos como o Enem ou Enade.
Desde o ensino infantil até o superior, a educação é
gratuita na Finlândia. Apenas 2% das escolas são particulares, mas são subsidiadas
por fundos públicos e os estudantes não precisam pagar nada.
Ao contrário do que se imagina, as escolas de lá não
são em tempo integral. Ao contrário, a jornada diária é curta (em torno de 4 a
5 horas) e não tem muita lição de casa. Inclusive há menos dias letivos que os
demais países. Jaana defende o modelo: “Para nós, quantidade não é sinônimo de
qualidade”, diz ela.
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Jaana Palojärvi, diretora do Ministério da Educação e Cultura da Finlândia |
A grande
transformação do sistema educacional finlandês começou no início da década de
1970, quando foi criado o sistema de ensino obrigatório de nove anos. Todas as
crianças do país passaram a estudar em escolas públicas parecidas e de acordo
com o mesmo currículo nacional. O principal objetivo desse modelo era igualar a
oportunidade de acesso a uma educação de qualidade e aumentar o nível
educacional da população. Assim, a reforma educacional não foi guiada pelo
sucesso escolar e, sim, pela democratização do acesso a escolas de qualidade.
A partir da década de 90, o sistema educacional
finlandês passou por uma grande mudança. Tornou-se mais descentralizado, de
forma que os municípios, as escolas e os próprios professores tivessem mais
autonomia sobre a grade e o conteúdo a ser lecionado. O programa nacional deve ser seguido, pois é a base. Mas os docentes têm total liberdade sobre os métodos
e ferramentas que utilizarão na abordagem das disciplinas.
"Os professores planejam as aulas, escolhem os métodos.
Não há prova nacional, não acreditamos em testes, estamos mais interessados na
aprendizagem. Os professores têm muita autonomia, mas precisam ser bem
qualificados. Esta é uma profissão desejada na Finlândia."
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A tecnologia não é o fator principal. É apenas uma ferramenta |
Os professores recebem, em média, 3 mil euros por mês, o que
corresponde a cerca de R$ 8 mil reais, um salário "médio" para o
país. Para se tornar um professor por lá o indivíduo necessita possuir mestrado
e passar por treinamentos específicos. O salário vai aumentando de acordo com o
tempo que o professor fica no cargo. Mas não há bônus por mérito.
A remuneração não é o principal atrativo para os professores,
já que não é considerada alta. Entretanto, o sistema funciona com o intuito de
oferecer a eles um ambiente estimulante e com boas condições de trabalho. Ser
professor é muito interessante na Finlândia, eles são respeitados e reconhecidos
pelo seu poder de influenciar a sociedade.
Jaana tem comemorado não apenas os excelentes resultados no
Pisa, mas também a equidade entre as escolas. Mesmo com um sistema tão
descentralizado, com a autonomia das escolas e professores, escolas rurais
localizadas nas florestas, ou as do Norte, que ficam sob a neve e temperaturas
de 25 graus negativos, têm desempenho muito semelhante às da capital.
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A capacitação e valorização dos professores são os maiores responsáveis pelo sucesso |
Outro grande diferencial da educação finlandesa, de acordo
com a diretora do Ministério da Educação, é que os alunos com mais dificuldades
recebem total atenção dos professores. Aos bons alunos é dada maior autonomia,
já os piores são muito acompanhados pelos professores. Todos são mantidos na
linha.
Jaana diz que os bons resultados alcançados são frutos de um
trabalho longo, que já faz parte da uma cultura. Por isso, evita dar lições e
conselhos a outras nações. Com relação ao Brasil, por exemplo, ela diz que as
diferenças são muitas. O Brasil é enorme, já a Finlândia é um país pequeno, com
menos de 6 milhões de habitantes. Não há a figura dos estados lá, existem
apenas a União e os municípios. Isso influencia bastante nas relações
políticas.
A Finlândia investe apenas 6% do seu PIB em educação, o que
não é muito (o Brasil investe cerca de 5% atualmente). Portanto, o segredo do
sucesso não está ligado à quantidade, mas à qualidade. Tecnologia não é o mais
importante, ela é apenas uma ferramenta. O essencial é investir em gente,
capacitar os professores, dar condições adequadas e estimulantes de trabalho a
eles, para que assim eles se sintam motivados a difundir o máximo de
conhecimento possível aos seus alunos.
Esse excelente vídeo dá uma boa ideia de como funciona a educação na Finlândia:
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